16 junho, 2011

Neuropeptidios e fome

É muito comum receber em minha clínica pessoas com excesso de peso que atribuem a culpa à ansiedade. Dizem que comem muito porque estão ou são ansiosos. Esta é uma verdade parcial, a qual podemos atribuir apenas uma parte pequena da culpa dos kilos a mais.
Todos sabemos que o excesso de peso é multifatorial, e à medida que avançam as pesquisas, vamos descobrindo os vários fatores que contribuem para a obesidade ou emagrecimento, e dentre estes fatores estão os neuropeptídios, mas que são exatamente os neuropeptídios?
Neuropeptídios são substancias químicas liberadas em vários lugares do corpo, que vão agir basicamente no hipotálamo ativando os centros da fome ou da saciedade. Em ultima instancia, são eles que nos dizem quando devemos comer, ou quando já comemos o suficiente.
Vou explicar de forma simplificada a ação de alguns destes neuropeptídios.
A leptina, que é produzida pelo tecido gorduroso, quando estamos ficando gordos. Mas como todos já podem deduzir, este mecanismo não funciona a contento em algumas pessoas. A exemplo do que acontece com a insulina, os gordinhos desenvolvem uma resistência à ação da leptina. Mas para quem esta dentro do peso ela costuma estimular o centro da saciedade, avisando que já é hora de parar de comer.
A grelina aumenta nossa fome e é produzida pelo estomago quando ficamos muito tempo em jejum, e se reduz cerca de 1 hora após nos alimentarmos. Os alimentos que provocam diminuição nos níveis de grelina são os carboidratos complexos e os ácidos graxos.
Outro neuropeptídio que também estimula o centro da fome é o neuropeptídio Y (NPY). Ele é sintetizado ao longo sistema digestivo e como a grelina, é induzido pelo jejum. Os alimentos que conseguem diminuir sua produção são os carboidratos complexos, as proteínas e especialmente o aminoácido triptofano.
O neuropeptídio PPY tem ação oposta ao Y, isto é estimula o centro da saciedade e diminui nosso apetite. Fibras, carboidratos complexos, proteínas e ácidos graxos estimulam sua produção, que ocorre ao nível do duodeno.
Como podemos perceber o apetite excessivo não pode ser explicado simplesmente pela ansiedade aumentada. Infelizmente mecanismos complexos, não são resolvidos por soluções simplistas.

Dr. Fabio Pisani
CRM 43711
Medicina Ortomolecular e Acupuntura Médica
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